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31 de outubro de 2017

Veja Itens Obrigatórios e Proibidos no Enem 2017


O momento tão aguardado chegou. Após praticamente 11 meses de preparação, os candidatos finalmente irão encarar as provas do Exame Nacional do Ensino Médio nos próximos dois domingos, em 5 e 12 de novembro. A menos de 5 dias das provas, você o quais itens são obrigatórios e proibidos para levar nos dias do Enem 2017? Confira a resposta na sequência deste artigo.

Itens Obrigatórios no Enem 2017

Caneta de Tinta Preta e Material Transparente

Na hora das provas é imprescindível que o candidato apresente caneta esferográfica de tinta preta, fabricada em corpo transparente. É importantíssimo atentar para esse que será o único material utilizado na realização do exame (para o preenchimento do cartão resposta – gabarito – e da folha de redação), pois não serão aceitas canetas de outras cores e nem com corpo que não seja incolor.

Documento de Identificação Pessoal com Foto

Para acesso a sala de aplicação o participante deverá apresentar um documento de identificação pessoal com foto. Além da carteira de identidade (RG), serão aceitos o passaporte e carteira nacional de habilitação (CNH), desde que recentes.

Itens Proibidos no Enem 2017

Outros Materiais Escolares

De acordo com o Edital do exame, não será permitido realizar as provas com outros materiais escolares como lápis, lapiseira, borracha, livros, manuais impressos e anotações.

Dispositivos Eletrônicos

Também é proibido o uso de quaisquer dispositivos eletrônicos, como calculadora, relógio, aparelho celular, ponto eletrônico, tabletsipods, gravadores, pen drive, mp3 ou similares, alarmes, chaves, fones de ouvido ou qualquer transmissor, gravador ou receptor de dados, imagens, vídeos e mensagens.

Outros Itens e Acessórios

Não serão aceitos também óculos escuros e artigos de chapelaria como boné, chapéu, viseira, gorro ou similares.
Vale esclarecer que, no caso de comparecerem ao exame com quaisquer dos objetos listados como itens proibidos, os candidatos deverão depositá-los no porta-objeto diante do fiscal antes do ingresso na sala de provas. No caso de dispositivos eletrônicos, os mesmos deverão ser desligados antes de recolhidos.

Itens Alternativos

Conforme as regras, os participantes poderão levar alimentos (lanches, salgados, doces, água, suco etc.), em caráter optativo, lembrando que todos serão vistoriados pelo fiscal logo na entrada. A recomendação de especialistas é para que os estudantes levem água e alimentos leves para não prejudicar a realização do Enem.

Andre Rieu - Yesterday

30 de outubro de 2017

ACENTUAÇÃO



Poderíamos pensar em outra relação, pouco “fitness” e muito prazerosa, já que, apesar de ser uma delícia, abusar desse lanche certamente resultará em ‘pneuzinhos’ na região abdominal, mas a discussão de hoje gira em torno da acentuação gráfica.
Abdômen no singular, recebe acento, da mesma maneira que todas as paroxítonas terminadas em “n” (íon, próton, elétron, cátion, hífen, sêmen, pólen etc.). A situação fica estranha para muitos alunos quando essas palavras vão para o plural, já que perderão o acento.
Tomemos emprestados os termos da Química como exemplo: teremos, no plural, “íons”, “prótons”, “elétrons”, “cátions” . Essas e outras tantas paroxítonas terminadas em “ns” são acentuadas (tanto no singular quanto no plural), mas as paroxítonas terminadas em “-ens” não o são.
Para entender essa alteração, é preciso lembrar outra regra, a das oxítonas (palavras cuja sílaba tônica é a última). Quando oxítonas, os vocábulos terminados em “-m” e “-ens” são acentuados (razão pela qual acentuamos “alguém”, “ninguém”, “vintém”, “parabéns”, “manténs” etc.).
Como as oxítonas terminadas em “-em” e “-ens” têm acento, as paroxítonas com essa terminação não terão, uma vez que o sistema de acentuação baseia-se no princípio da oposição, ou seja, ou uma ou outra terminação terá acento: se a oxítona tem, a paroxítona não tem.
Assim, não serão acentuadas “item – itens”, “nuvem – nuvens”, “jovem – jovens”, “paisagem – paisagens”, mas teremos “pólen – polens”, “sêmen – semens”, “líquen – liquens”, abdômen – abdomens”1.
Já no caso do hambúrguer, não é uma alteração na acentuação. Tanto no singular quanto no plural, o nome do sanduíche receberá acento. A questão dessa e de outras palavras terminadas em consoantes como “r”, “s” e, em algumas situações, “l”, é que, ao serem pluralizadas, essas palavras ficam com mais uma sílaba:
  • Hambúrguer – hambúrgueres
  • Repórter – repórteres
  • Gravidez – gravidezes
  • Mal – males
Ao terem o número de sílabas aumentado, as palavras antes paroxítonas passarão a ser proparoxítonas. A acentuação permanece, mas a regra que a justifica será outra. Hambúrguer, repórter, revólver, aljôfar 2 – palavras acentuadas por serem paroxítonas terminadas em ‘r’, passarão a hambúrgueres, repórteres, revólveres, aljôfares – proparoxítonas, portanto. E, só para relembrar, todas as proparoxítonas são acentuadas.
Agora, vou saborear meu hambúrguer…

27 de outubro de 2017

Justiça Suspende Regra de Direitos Humanos da Redação do Enem 2017


Na tarde desta quinta-feira (26), o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) acatou solicitação para suspensão da regra da redação do Enem 2017 – Exame Nacional do Ensino Médio – que concede nota zero ao candidato que cometer desrespeito aos Direitos Humanos.
De acordo com representantes da Associação Escola Sem Partido , o pedido foi feito em caráter de urgência e justifica-se pelo fato de considerarem a regra uma “punição no expressar de opinião” e que os estudantes não devem ser obrigados a defenderem opiniões contrárias as suas no texto apenas para garantir um bom desempenho e consequentemente acesso ao ensino superior. Em outras palavras, eles acreditam que os alunos não poderiam ser punidos por argumentação considerada “politicamente incorreta”.
O desembargador federal Carlos Moreira Alves, responsável pela decisão, afirmou que acatou ao pedido do Escola Sem Partido pelo fato de entender que este critério da redação do Enem fere o direito constitucional de liberdade de manifestação de pensamento e opinião:
(…) resultando na privação do direito de ingresso em instituições de ensino superior de acordo com a capacidade intelectual demonstrada, caso a opinião manifestada pelo participante venha a ser considerada radical, não civilizada, preconceituosa, racista, desrespeitosa, polêmica, intolerante ou politicamente incorreta.
Moreira Alves ainda defendeu que o “conteúdo ideológico” de uma dissertação-argumentativa deve ser sim um dos pontos de avaliação da prova, sem, no entanto, tornar-se um fundamento essencial para sua anulação.

MEC Afirmou Que Irá Recorrer da Decisão

Em nota publicada em sua página oficial, o Ministério da Educação (MEC) informou que, juntamente com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), irá recorrer da decisão:
O Inep respeita a decisão judicial, porém, avisa que recorrerá desta sentença, assim que for notificado.
Além disso, a assessoria de comunicação social da pasta também reafirmou que “todos os seus atos são balizados pelo respeito irrestrito aos direitos humanos, conforme a Declaração Universal dos Direitos Humanos”.
Por fim, reforçou que manterá como critério de correção das redações a avaliação das 5 competências divulgadas e esclarecidas no Guia do Participante – Redação do Enem 2017.
A produção textual do exame será realizada em 5 de novembro, primeiro domingo de aplicação.
Fonte: Agência Brasil

UM COMENTÁRIO!!!




Com a proximidade do final de ano, é dada a largada na maratona dos vestibulares para preencher as vagas das faculdades e universidades para o próximo ano e, neste último fim de semana, foi realizado o vestibular da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, a PUCCAMP, uma das maiores e mais respeitadas universidades particulares do interior de São Paulo. A instituição realiza, na verdade, dois vestibulares: um específico para o curso de graduação em Direito e outro para os demais cursos oferecidos.
A prova de redação do vestibular da PUCCAMP para a maioria dos cursos de graduação é composta por duas propostas de produção de uma dissertação e o candidato deve escolher apenas uma delas.
Qualquer que seja a escolha, o texto deve ter, no mínimo, trinta linhas (a folha de prova contém quarenta linhas) e devem estar de acordo com o tema e o gênero; caso contrário, a nota atribuída é zero. Além disso, as instruções falam que o candidato deve empregar um “nível de linguagem à sua escolha”, ou seja, não há, como no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nenhuma menção à norma culta da Língua Portuguesa, cabendo ao participante saber disso. O mesmo é dito em relação aos recursos gramaticais e ao vocabulário para manter a coesão textual.
A primeira proposta de dissertação é baseada na adaptação de artigo de opinião publicado no jornal Folha de São Paulo no dia 30 de setembro deste ano cujo autor é Oscar Vilhena Vieira, advogado formado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), doutor pela Universidade de São Paulo (USP) e com pós-doutorado pela Universidade de Oxford. Veja o texto fonte:
Leia o texto abaixo procurando apreender o tema nele desenvolvido. Em seguida, elabore uma dissertação, na qual você exporá, de modo claro e coerente, suas ideias acerca desse tema.

A desigualdade não é um acidente na história de uma sociedade, mas sim fruto de deliberadas escolhas políticas e institucionais que favorecem a concentração de renda, bens e benefícios públicos. A situação crítica de muitas regiões brasileiras deveria deixar claro que, quando a desigualdade é profunda e persistente, ela compromete fortemente o devido funcionamento das instituições e a própria coesão social.

Apesar dos esforços de distribuição de riqueza por intermédio do acesso à educação, saúde, saneamento básico e mesmo assistência social, articulados pela Constituição de 1988, o Brasil não se tornou um país mais justo nas últimas décadas. Como aponta relatório da Oxfam, os 5% mais ricos detêm 95% da renda nacional. As 6 maiores fortunas concentram o mesmo que 50% da população.
Os indicadores sociais apontam para uma relativa melhoria das condições de vida dos mais pobres propiciada pela estratégia social democrata adotada em 1988, mas mesmo a redução da pobreza não redundou numa significativa redução da desigualdade.
Há razões para esse paradoxo, e parecem estar, por exemplo, nos diversos benefícios regiamente oferecidos aos mais ricos, nos truques para não pagarem impostos e nas opulentas aposentadorias.
O problema é que esse padrão de abissal desigualdade institucionalmente entrincheirado corrói o tecido social e perverte o modo como as instituições republicanas funcionam. De um lado a desigualdade inibe a construção de relações de reciprocidade, dificultando que as pessoas vejam a si, e aos demais, como merecedores de igual respeito e consideração. A exclusão e os privilégios, e não verdadeiros direitos, passam a determinar as relações sociais. Numa sociedade individualista e de consumo, como a brasileira, isso redunda necessariamente em tensão social, violência e banalização da vida.
De outro lado, o enorme desequilíbrio de poder dentro da sociedade, decorrente da extrema desigualdade, também impacta de outro modo: setores influentes da sociedade extraem benefícios inaceitáveis do poder público, enquanto os mais pobres, especialmente quando vistos como ameaça, recebem das instituições tratamento inversamente proporcional: a regra é o descaso, o arbítrio, a violência. O resultado de tudo isso é uma imensa e crescente desconfiança nas instituições.
A saída dessa crise mais profunda, gerada pela naturalização da desigualdade, dependerá da construção de um novo projeto de nação.
(Adaptado de: VIEIRA, Oscar Vilhena. Folha de S. Paulo, B2, Cotidiano. 30/09/2017)
O tema do artigo de opinião utilizado como texto fonte nesta proposta de redação do vestibular 2018 da PUCCAMP é a desigualdade social e o ponto de vista defendido pelo autor é que, apesar de esta desigualdade não ser fruto de um acidente na história, muitos a tratam como algo natural ou já naturalizado pelo tempo. De acordo com Oscar Vilhena Vieira, a desigualdade social no Brasil é resultado de escolhas deliberadas, por parte dos políticos e das instituições, com o objetivo de favorecer a concentração de renda entre poucos.
Como argumento principal, o autor cita problemas crônicos em certas regiões brasileiras, o que afeta a coesão social, já que está comprovado que os 5% mais ricos detém 95% da renda nacional e que as seis maiores fortunas do país concentram o mesmo que 50% da população do Brasil.
Oscar Vilhena Vieira contra-argumenta que houve sim uma pequena melhora após o final da década de 80, quando em 1988 a Constituição foi promulgada, mas isso não significou nem significa uma verdadeira redução da desigualdade social no nosso país, o que para o autor é um paradoxo, mas que tem explicação.
Para o advogado, os mais ricos são beneficiados por políticos e pelas instituições brasileiras ao formularem truques para sonegar impostos e por meio de opulentas aposentadorias, o que causa uma desigualdade social abissal, mas institucionalmente legalizada, causando exclusão social.
Deste modo, segundo o autor, os ricos passam a ter privilégios (não direitos) e os mais pobres começam a pensar que não são merecedores de seus direitos, o que a sociedade do consumo corrobora, levando até para a questão que a vida de um pobre não vale nada ou vale muito pouco.
Outra consequência deste processo é o tratamento dado pelo Estado e suas instituições aos mais ricos e aos mais pobres. Estes, quando são vistos como ameaças, são tratados com descaso e violência.
De acordo com Oscar Vilhena Vieira, a única saída desta situação é um novo projeto de nação.
Este texto, mesmo que adaptado, é um belo exemplo de um gênero da ordem do dissertar e do argumentar, pois o autor opina, argumenta, exemplifica e analisa muito bem o tema escolhido. O candidato deveria ler este artigo de opinião com atenção e escrever uma dissertação-argumentativa acerca da desigualdade social no Brasil como proposital e suas consequências, refutando a ideia de que este fenômeno é natural, como se deveria ser assim mesmo e é.
Há, neste texto, uma crítica sobre consumismo, individualismo, exclusão social, concentração de renda… Ou seja, há uma crítica ao capitalismo neoliberal e à corrupção, já que os mais ricos se valem de corrupções, como sonegação de impostos, e de favores políticos para se manterem como estão.
Na atual situação do Brasil, talvez este seja um dos temas mais pertinentes e relevantes para se abordar em uma prova de redação.

26 de outubro de 2017

CRASE

O Conceito de Crase
No estudo da gramática da Língua Portuguesa, o fenômeno da subordinação sintática entre palavras dentro de uma estrutura (um sintagma, uma frase etc.), fazendo com que algumas palavras complementem o sentido de outras, é denominado regência.   Assim, uma palavra que não tem o sentido completo (termo regente) é complementada por outra ( termo regido).  Vejamos, como exemplo, a expressão:
Comprei um livro ontem.
Em tal estrutura linguística, temos o verbo comprar sendo complementado por um livro. Nota-se que não há a necessidade de preposição  para ligarmos o verbo ao seu complemento, o objeto direto,  um livro, pois é assim que ficou acertado o uso de tal verbo em nossa a língua. O sentido soaria “ruidoso” e  seria gramaticalmente incorreto se disséssemos comprei A (ou PARA etc) um livro ontem, pois tal verbo, no sentido de adquirir, é transitivo direto e não pede preposição.
Alguns verbos, por outro lado, pedem obrigatoriamente preposição para se ligarem aos seus complementos. Vejamos:
Refiro-me a/o funcionário do atendimento.
Neste caso, o verbo referir-se pede a preposição A e soaria “ruidoso” dizer refiro-me o funcionário.   Podemos notar que, além disso, após a preposição A ocorre o artigo O, pois o complemento funcionário  pede tal artigo, inclusive quando o colocarmos como sujeito de uma  frase:   O funcionário do atendimento está atento. O artigo aqui é obrigatório.  (Vale dizer que nem sempre tal teste funciona).
Pois bem!!! Quando temos um verbo que pede obrigatoriamente a preposição A  seguido de uma palavra que pede um artigo feminino A ocorre então o fenômeno da crase. Os gramáticos – vale dizer – sentiram a necessidade de normatizar tal fusão dos AS porque soaria estranho pronunciar ou escrever dois AS seguidos, o que, aliás, também ocorreria com os pronomes demonstrativos AQUELA (S), AQUELE (S), AQUILO.  Deste modo, resolveram adotar o sinal grave (`)na grafia da crase dos AS.
Esta camiseta é igual à (àquela) que compraste e o cinto é semelhante àquele.
Elas deveriam comparecer ao (àquele) evento.

5.2 A Análise Sintática e a Crase
Embora seja uma questão fonética, é  a partir da análise da sintaxe dos termos das orações que decidimos sobre a adoção ou não da crase em nossa escrita.  Para que usemos com acerto a crase, temos sempre que analisar duas questões:
 a) temos que verificar a regência do verbo,  se ele pede ou não a preposição A, e isto só pode ser feito com a consulta constante a dicionários, ou com a memorização das regências;
 b) temos que verificar se o termo que serve de complemento ao verbo pede artigo feminino A ou  se se trata do A de Aquela(s), Aqueles, etc.
Somente tal análise sintática nos dará certeza sobre a crase.
Vamos analisar alguns casos para compreender isto.
Caso 1
1.       Ele se referia(às) irmãs de Paula.
Digamos que o estudante saiba que o verbo referir-se pede preposição, porém tem dúvida quanto ao uso do artigo no complemento irmãs de Paula.  Sendo assim, é possível tirar a dúvida transformando a expressão que serve de complemento do verbo por outra semelhante no masculino: aos irmãos de Paula.   Ora, se ocorre no masculino a prep. A, unida ao artigo OS , a fusão também ocorrerá com o feminino: ela se referia A + AS irmãs de Paula.  Isto indica a presença da crase  na frase.
Digamos que tenhamos dúvida sobre o verbo e a preposição.  Vejamos os seguintes casos.
Caso 2
2. A aluna se dirigiu( à) sala de aula e depois se dirigiu (a) casa.
Nestes casos, podemos usar um outro expediente: transformar a suposta preposição A em uma preposição semelhante: PARA.   Teremos então: a aluna se dirigiu para a sala:   a aluna se dirigiu para casa. Temos então crase no primeiro caso e no segundo não.
No segundo exemplo, não há crase porque a palavra casa, no sentido de lar, domicílio por convenção, não recebe artigo.  Todavia, ao determinarmos a palavra casa ela receberá o artigo.  Vejamos:
A casa de Deus é sagrada.  A casa paterna é calorosa. A casa 31 é azul.
A aluna dirigiu-se à casa paterna…de Deus… à casa 31.
Caso 3
Há casos em que a crase é facultativa porque o complemento verbal não pede obrigatoriamente artigo.
Referiu-se  (à) minha  irmã e depois referiu-se (à) Paula.
Nestes casos, podemos fazer um teste, colocando o complemento do verbo como sujeito de uma oração, com tal tentativa, poderemos notar se o uso do artigo é facultativo:
Sua irmã é ótima pessoa.  A sua irmã é ótima. 
Paula é boa pessoa.  A Paula é boa.
 Ora, se o artigo é facultativo, também a crase é facultativa, sendo que tais expressões, sem a crase, ficam apenas com o A preposicional.
Portanto, a crase é facultativa em dois casos:
a)      Antes de nomes femininos, pois em nossa língua estes nomes não exigem obrigatoriamente o artigo, a não ser quando são determinados por uma outra expressão.
(A)  Cleonice recebeu uma carta.
Enviamos uma carta /à/ Cleonice .
  A (artigo obrigatório) Cleonice da Faculdade (determinação) recebeu uma carta.
Enviamos uma carta à Cleonice da Faculdade.
b)      Antes de pronomes possessivos adjetivos femininos singular.
(A)   Minha irmã pediu explicações.
Pediram explicações /à/ minha irmã.
Observação: quando o pronome possessivo tem a função de um substantivo, o uso da crase ou é obrigatório ou proibido.  Veja:
A minha faculdade é melhor que a tua(=faculdade).
O meu time é melhor que o teu(time).
Esta estátua é semelhante à nossa.(nossa).
Este Rodin é semelhante ao nosso.(Rodin).
Nestes casos, os pronomes estão sendo usados para substituir substantivos( que estão entre parênteses) e não para acompanhar um substantivo dando-lhe uma qualidade, como ocorre em minha irmã.
No primeiro exemplo, o uso da crase é proibido porque não há preposição, apenas ocorre o artigo.  Isto fica evidenciado quando transformamos a expressão em outra semelhante no masculino(segundo exemplo).
No terceiro exemplo,  é obrigatório o exemplo da preposição e do artigo.
Caso 4
Algumas expressões têm termos elididos, mas mesmo assim ocorre a crase.
-Aquela garota é interessante.  
– Qual?
– Refiro-me à (garota)que está de azul.
5.3 Casos Especiais
1. Nomes de localidades.  Há os que pedem artigo antes de si e os que não admitem a presença do artigo.  Se comprovarmos que o verbo pede preposição, basta testar se o topônimo pede artigo e para isto podemos mudar o verbo da oração por ESTAR ou  VIR.
O time foi a Porto Alegre.  O time veio de Porto Alegre…estava em Porto Alegre.
Os professores foram à Europa.  Os professores vieram de + A Europa. Os professores estavam EM+A Europa.
2. Para saber se há crase com os demonstrativos iniciados em A, basta substituir os mesmos pelos demonstrativos Este, Isto, Esta, se antes deste tivermos preposição, então teremos a crase.
Enviei cartas àquela empresa ( a esta).
A crítica está relacionada àqueles problemas. ( a estes).
A solução era aquela apresentada ontem (esta).
3.  Quando a expressão casa significa lar, domicílio e não vem acompanhada de adjetivo ou locução adjetiva  não há crase: chegamos a casa cedo.  Chegamos à casa paterna tarde.
4.  Não há crase quando a palavra terra significa algo oposto a mar, ar, bordo. Todavia, quando terra significa o planeta,  lugar onde se nasceusolo onde se planta, então pede artigo e se houver verbo com preposição haverá crase.
Voltei à terra onde nasci.
Os Ets chegaram à Terra.
Os lavradores se dedicaram à terra durante toda a vida.
Os marinheiros resolveram ir a terra. 
5. Não se usa a crase na locução a distância, significando de longe. Ali ocorre apenas a preposição A.  Quando tal termo é determinado, então ele pede artigo.
A distância de 65 km é percorrida em poucos minutos e  Petrópolis fica à distância de 65 km do Rio.
Ele me olhava a distância.
6. Para sabermos se existe ou não crase diante de um pronome relativo, temos que, em primeiro lugar, encontrar o seu antecedente e, logo após, substituí-lo por um substantivo masculino.  Se o A se transformar em AO, evidencia-se  a crase; caso  isto não ocorra, e o A fique inalterado ou se transforme em O, então não ocorre crase.
A faculdade a que me refiro precisa de professores.
O colégio a que me refiro precisa de professores.
A avenida em que moro é paralela Àque vai dar na praça.
O parque em que moro é paralelo AO que vai dar na praça.
Com isto testamos se o antecedente pede ou não o artigo feminino.
Obs.: o pronome relativo não pode ser substituído por outro semelhante.
7. Não confunda DEVIDO com DADO. 
Conforme Houaiss, devido é:
1.    “  adjetivo e substantivo masculino – que ou o que é objeto de uma dívida ou de uma obrigação.  Exs.: recebeu-a com a d. consideração,  mandou pagar o d. “
2.    substantivo masculino – que ou o que é merecido, justo, o que cabe a cada indivíduo por direito ou dever.” 
3.    (Houaiss, ver verbete)
Portanto devido pede a preposição, assim há crase em frases como :  “devido à bagunça dos vizinhos, não dormi” (devido AO barulho).
Já dado , significando “habituado ou propenso a.
 Exs.: d. ao estudo;  d. à bebida”, podemos ter sucesso ou não.  Neste caso, devido é um adjetivo que pede a preposição A.
Todavia, dado pode ser também o particípio de dar, significando algo que já foi exposto, revelado.
Ex.: dada a questão primordial, dado o problema (com base em tal questão já exposta) envolvendo tais fatos, chegamos à conclusão que não iremos negociar.

5.4 Casos em que crase é obrigatória
1.       Locuções prepositivas, adverbiais e conjuntivas (desde que, no último caos, tenham um substantivo feminino como núcleo).
À moda de, às vezes, à queima-roupa, , às escuras, à noite, à custa de, às pressas, à tarde, à medida que, à força.
2.       Em locuções adverbiais que indiquem hora determinada.
Às treze horas em ponto.
3.       Quando as expressões “rua”, “loja” estiverem subentendidas.
Vá à Casas Bahia, vá à (loja) Lojas Americanas, Dirija-se à Marquês de São Vicente, n º 155.
Nos dois primeiros exemplos, a questão é polêmica, mas se advogarmos que há o termo loja elidido, então os exemplos estão corretos.

5.5 Casos em que não ocorre crase
1.        Antes de palavra masculina ( o A é apenas preposição): Vieram a pé, vende-se a prazo; chegou a tempo.
2.       Antes de verbo (o a é apenas preposição): Ela começou a admirá-los; ela começou a passar mal.
3.       Antes de expressão de tratamento (o A é apenas preposição) : Agradeço a Vossa Senhoria  ; ofereceram rosas a você.
4.       Antes de pronomes demonstrativos esta ,essa. ( o A é apenas preposição): Não me refiro a esta solicitação; A essa menina não devo nada.
5.       Antes de pronomes pessoais ( o A é apenas preposição): Dirigiu-se a mim com respeito e a ela com gratidão.
6.       Antes de pronomes indefinidos ( o A é apenas preposição): ela diz isso a qualquer um; a entrada é vedada a toda pessoa estranha, a toda a Bahia ele deve dinheiro.
7.       Quando o A estiver no singular e a palavra seguinte estiver no plural (( o A é apenas preposição): refiro-me a pessoas curiosas, falei a mulheres sobre mulheres.
8.       Quando antes do A já existir uma preposição (o A é apenas artigo): os papéis estão sob a mesa; ela falou aquilo perante a coordenação.
Observação: Martins e Zilberknop observam que ATÉ A pode ser craseado por motivo de clareza, fugindo à regra acima.  Vejamos os exemplos:
A água inundou a rua até à casa de Maria.
A água inundou a rua até a casa de Maria.
No primeiro caso, significa que a água quase chegou à casa de Maria, no segundo, significa que a água inundou inclusive a casa de Maria.
Quando ATÉ significa “perto de”  “limite”,  ATé é uma preposição que admite uma outra preposição para auxiliá-la é o caso do primeiro exemplo.
Quando até significa “inclusive” , é um advérbio e o A é uma partícula de inclusão.
Veja, para confirmar, em Houaiss o verbete ATÉ:
“Preposição
1             expressa um limite posterior de tempo. Ex.: ficará a. maio
2             expressa um limite espacial, o término de uma distância ou de uma superfície Exs.: trace uma linha a. o canto.  venha a. aqui.”
Advérbio
3 também, inclusive, mesmo, ainda. Ex.: come a. carne crua .
4             no máximo. Ex.: ponha a. cinco folhas para ferver .
“a) como prep., é indiferentemente correto associá-la ou não a outra preposição (ir a. o parque ou ir a. ao parque; caminhar a. a igreja ou a. à igreja), embora, por vezes, se imponha tal escolha para evitar a ambiguidade: em frases do tipo estudei a. a quinta lição e percorremos até o campo, em que tanto se poderia entender ‘até mesmo a lição ou o campo’ ou ‘até o limite da lição ou do campo’; atualmente, as utilizações oscilam; b) como prep. us. com pron. pessoal oblíquo tônico (ela chegou a. mim e me abraçou); como adv. us. com pron. pessoal reto (a. eu paguei o imposto); c) como prep. o lugar dele é fixo, antes do nome ou sintagma nominal a que se refere; como adv., sua posição pode variar na frase: saiu numa escola de samba, a.” (Houaiss, ver verbete).

5.6 Exercício. Nas orações abaixo, coloque crase, se necessário.
                   1. Antes de ir ao teatro, a mãe sempre agradava a filha passando a mão nos cabelos.
2.                  As declarações do ministro não agradaram a bancada do governo.
3.                  Ela aspirou a fragrância do alecrim.
4.                  O menino aspirava a carreia de piloto.
5.                  O médico assistiu a moça doente.
6.                   Quando ela telefonou, estávamos assistindo a peça.
7.                  O Ministro da Educação atendeu a reinvindicação que constava no processo pelos docentes.
8.                  As recepcionistas atendiam as convidadas com carinho.
9.                  Garçom!  Quero a tulipa bem cheia.
10.               Queria-lhe mais que a própria vida!
11.               Custa muito as pessoas ficarem quietas. 
12.               Esta portaria do governo implicará a reavaliação dos nossos gastos.
13.               O menino desobedeceu a mãe, mas a mãe obedeceu a lei.
14.               Prefiro a morte a vida de solteiro.
15.               Pisei a grama
16.               Pisei a ponta do pé dela.
17.               Abraçou-se com o pai, chorou; abraçou a irmã e foi embora.
18.               Ela lembrou as férias com saudade.
19.               Após presidir a sessão, o desembargador presidiu uma mesa  redonda.
20.                 Avisei  a turma que iria chegar tarde.
21.               Ensinei-o a dança do ventre.
22.                Agradeci a equipe a vitória.
23.               Comunicou a decisão a outro, mas não a mim.
24.               Comunicou a amiga a cerimônia de casamento.
25.               Pagamos a empresa a conta devida.
26.               Jesus perdoou a traição , perdoou a Madalena.
27.               Autorizou a professora a dispensar os alunos.
28.               Convidei-o a ficar no local
5.6 Exercício. Nas orações abaixo, coloque crase, se necessário. (Respostas)
 1.   Antes de ir ao teatro, a mãe sempre agradava a filha passando a mão nos cabelos.
No sentido de acarinhar pede OD.
2.                  As declarações do ministro não agradaram a bancada do governo.
Agradável pede A

3.                  Ela aspirou a fragrância do alecrim.
Respirar pede OD
4.                  O menino aspirava a carreia de piloto.
No sentido de pretender, pede A
5.                  O médico assistiu a moça doente.
Pede OD ou OI
6.                   Quando ela telefonou, estávamos assistindo a peça.
Ver pede A
7.                  O Ministro da educação atendeu a reinvidicação que constava no processo . pelos docentes.
Deferir pede OD, mas no sentido de dar atenção pede LHE.
8.                  As recepcionista atendiam as convidadas com carinho.
Atenção com pessoas pede OI ou OD.
9.                  Garçon!  Quero a tulipa bem cheia.
Desejar pede OD
10.               Queria-lhe mais que a própria vida!
Estimar pede A
11.               Custa muito as pessoas ficarem quietas. 
Ser difícil pede A
12.               Esta portaria do governo implicará a reavaliação dos nossos gastos.
Trazer como consequência pede A, não pede Em
13.               O menino desobedeceu a mãe, mas a mãe obedeceu a lei.
Pede A
14.                Prefiro a morte a vida de solteiro.
À vida.  Incorreto: do que a vida…
15.                Pisei a grama
Pede  OD e não NA
16.               Pisei a ponta do pé dela.
Idem
17.                Abraçou-se com o pai, chorou; abraçou a irmã e foi embora.
Quando pronominal, pede COM,  Pede OD  ou  OI , crase facultativa.
18.               Ela lembrou as férias com saudade.
Correto ou DAS férias.
19.               Após presidir a sessão, o desembargador presidiu uma mesa  redonda.
Pede OD ou OI, crase facultativa.
20.                 Avisei  a turma que iria chegar tarde.
Pede OD OI.
21.               Ensinei-o a dança do ventre.
Correto, mas pode ser com LHE.
22.                Agradeci a equipe a vitória.
Agradecer a alguém alguma coisa.
23.               Comunicou a decisão a outro, mas não amim.
Pronome indefinido e pron. Pessoal não pedem artigo.
24.               Comunicou a amiga a cerimônia de casamento.
Comunicar algo a alguém.
25.               Pagamos a empresa a conta devida.
Pagamos alguma coisa a alguém.
26.               Jesus perdoou a traição , perdoou a Madalena.
Perdoar pede OD ou OI. Para pessoa e OD para coisa.
27.                Autorizou a professora a dispensar os alunos.
Autorizar alguém a fazer algo.
28.               Convidei-o a ficar no local
Convidar alguém a algo.
5. CRASE
5.1 O Conceito de Crase
No estudo da gramática da Língua Portuguesa, o fenômeno da subordinação sintática entre palavras dentro de uma estrutura (um sintagma, uma frase etc.), fazendo com que algumas palavras complementem o sentido de outras, é denominado regência.   Assim, uma palavra que não tem o sentido completo (termo regente) é complementada por outra ( termo regido).  Vejamos, como exemplo, a expressão:
Comprei um livro ontem.
Em tal estrutura linguística, temos o verbo comprar sendo complementado por um livro. Nota-se que não há a necessidade de preposição  para ligarmos o verbo ao seu complemento, o objeto direto,  um livro, pois é assim que ficou acertado o uso de tal verbo em nossa a língua. O sentido soaria “ruidoso” e  seria gramaticalmente incorreto se disséssemos comprei A (ou PARA etc) um livro ontem, pois tal verbo, no sentido de adquirir, é transitivo direto e não pede preposição.
Alguns verbos, por outro lado, pedem obrigatoriamente preposição para se ligarem aos seus complementos. Vejamos:
Refiro-me a/o funcionário do atendimento.
Neste caso, o verbo referir-se pede a preposição A e soaria “ruidoso” dizer refiro-me o funcionário.   Podemos notar que, além disso, após a preposição A ocorre o artigo O, pois o complemento funcionário  pede tal artigo, inclusive quando o colocarmos como sujeito de uma  frase:   O funcionário do atendimento está atento. O artigo aqui é obrigatório.  (Vale dizer que nem sempre tal teste funciona).
Pois bem!!! Quando temos um verbo que pede obrigatoriamente a preposição A  seguido de uma palavra que pede um artigo feminino A ocorre então o fenômeno da crase. Os gramáticos – vale dizer – sentiram a necessidade de normatizar tal fusão dos AS porque soaria estranho pronunciar ou escrever dois AS seguidos, o que, aliás, também ocorreria com os pronomes demonstrativos AQUELA (S), AQUELE (S), AQUILO.  Deste modo, resolveram adotar o sinal grave (`)na grafia da crase dos AS.
Esta camiseta é igual à (àquela) que compraste e o cinto é semelhante àquele.
Elas deveriam comparecer ao (àquele) evento.
Observação: Bechara (2006, p. 308) defende que a crase é “um fenômeno fonético que se estende a toda fusão de vogais iguais”.  Portanto, também há crase nos seguintes exemplos citados pelo autor: “Teu pensamento como­_o sol que morre.” “Durante a noite quando_o_orvalho desce.” (p. 632).  Todavia, nada ficou combinado sobre a acentuação destas fusões.
5.2 A Análise Sintática e a Crase
Embora seja uma questão fonética, é  a partir da análise da sintaxe dos termos das orações que decidimos sobre a adoção ou não da crase em nossa escrita.  Para que usemos com acerto a crase, temos sempre que analisar duas questões:
 a) temos que verificar a regência do verbo,  se ele pede ou não a preposição A, e isto só pode ser feito com a consulta constante a dicionários, ou com a memorização das regências;
 b) temos que verificar se o termo que serve de complemento ao verbo pede artigo feminino A ou  se se trata do A de Aquela(s), Aqueles, etc.
Somente tal análise sintática nos dará certeza sobre a crase.
Vamos analisar alguns casos para compreender isto.
Caso 1
1.       Ele se referia(às) irmãs de Paula.
Digamos que o estudante saiba que o verbo referir-se pede preposição, porém tem dúvida quanto ao uso do artigo no complemento irmãs de Paula.  Sendo assim, é possível tirar a dúvida transformando a expressão que serve de complemento do verbo por outra semelhante no masculino: aos irmãos de Paula.   Ora, se ocorre no masculino a prep. A, unida ao artigo OS , a fusão também ocorrerá com o feminino: ela se referia A + AS irmãs de Paula.  Isto indica a presença da crase  na frase.
Digamos que tenhamos dúvida sobre o verbo e a preposição.  Vejamos os seguintes casos.
Caso 2
2. A aluna se dirigiu( à) sala de aula e depois se dirigiu (a) casa.
Nestes casos, podemos usar um outro expediente: transformar a suposta preposição A em uma preposição semelhante: PARA.   Teremos então: a aluna se dirigiu para a sala:   a aluna se dirigiu para casa. Temos então crase no primeiro caso e no segundo não.
No segundo exemplo, não há crase porque a palavra casa, no sentido de lar, domicílio por convenção, não recebe artigo.  Todavia, ao determinarmos a palavra casa ela receberá o artigo.  Vejamos:
A casa de Deus é sagrada.  A casa paterna é calorosa. A casa 31 é azul.
A aluna dirigiu-se à casa paterna…de Deus… à casa 31.
Caso 3
Há casos em que a crase é facultativa porque o complemento verbal não pede obrigatoriamente artigo.
Referiu-se  (à) minha  irmã e depois referiu-se (à) Paula.
Nestes casos, podemos fazer um teste, colocando o complemento do verbo como sujeito de uma oração, com tal tentativa, poderemos notar se o uso do artigo é facultativo:
Sua irmã é ótima pessoa.  A sua irmã é ótima.
Paula é boa pessoa.  A Paula é boa.
 Ora, se o artigo é facultativo, também a crase é facultativa, sendo que tais expressões, sem a crase, ficam apenas com o A preposicional.
Portanto, a crase é facultativa em dois casos:
a)      Antes de nomes femininos, pois em nossa língua estes nomes não exigem obrigatoriamente o artigo, a não ser quando são determinados por uma outra expressão.
(A)  Cleonice recebeu uma carta.
Enviamos uma carta /à/ Cleonice .
  A (artigo obrigatório) Cleonice da Faculdade (determinação) recebeu uma carta.
Enviamos uma carta à Cleonice da Faculdade.
b)      Antes de pronomes possessivos adjetivos femininos singular.
(A)   Minha irmã pediu explicações.
Pediram explicações /à/ minha irmã.
Observação: quando o pronome possessivo tem a função de um substantivo, o uso da crase ou é obrigatório ou proibido.  Veja:
A minha faculdade é melhor que a tua(=faculdade).
O meu time é melhor que o teu(time).
Esta estátua é semelhante à nossa.(nossa).
Este Rodin é semelhante ao nosso.(Rodin).
Nestes casos, os pronomes estão sendo usados para substituir substantivos( que estão entre parênteses) e não para acompanhar um substantivo dando-lhe uma qualidade, como ocorre em minha irmã.
No primeiro exemplo, o uso da crase é proibido porque não há preposição, apenas ocorre o artigo.  Isto fica evidenciado quando transformamos a expressão em outra semelhante no masculino(segundo exemplo).
No terceiro exemplo,  é obrigatório o exemplo da preposição e do artigo.
Caso 4
Algumas expressões têm termos elididos, mas mesmo assim ocorre a crase.
-Aquela garota é interessante.
– Qual?
– Refiro-me à (garota)que está de azul.
5.3 Casos Especiais
1. Nomes de localidades.  Há os que pedem artigo antes de si e os que não admitem a presença do artigo.  Se comprovarmos que o verbo pede preposição, basta testar se o topônimo pede artigo e para isto podemos mudar o verbo da oração por ESTAR ou  VIR.
O time foi a Porto Alegre.  O time veio de Porto Alegre…estava em Porto Alegre.
Os professores foram à Europa.  Os professores vieram de + A Europa. Os professores estavam EM+A Europa.
2. Para saber se há crase com os demonstrativos iniciados em A, basta substituir os mesmos pelos demonstrativos Este, Isto, Esta, se antes deste tivermos preposição, então teremos a crase.
Enviei cartas àquela empresa ( a esta).
A crítica está relacionada àqueles problemas. ( a estes).
A solução era aquela apresentada ontem (esta).
3.  Quando a expressão casa significa lar, domicílio e não vem acompanhada de adjetivo ou locução adjetiva  não há crase: chegamos a casa cedo.  Chegamos à casa paterna tarde.
4.  Não há crase quando a palavra terra significa algo oposto a mar, ar, bordo. Todavia, quando terra significa o planeta,  lugar onde se nasceusolo onde se planta, então pede artigo e se houver verbo com preposição haverá crase.
Voltei à terra onde nasci.
Os Ets chegaram à Terra.
Os lavradores se dedicaram à terra durante toda a vida.
Os marinheiros resolveram ir a terra.
5. Não se usa a crase na locução a distância, significando de longe. Ali ocorre apenas a preposição A.  Quando tal termo é determinado, então ele pede artigo.
A distância de 65 km é percorrida em poucos minutos e  Petrópolis fica à distância de 65 km do Rio.
Ele me olhava a distância.
6. Para sabermos se existe ou não crase diante de um pronome relativo, temos que, em primeiro lugar, encontrar o seu antecedente e, logo após, substituí-lo por um substantivo masculino.  Se o A se transformar em AO, evidencia-se  a crase; caso  isto não ocorra, e o A fique inalterado ou se transforme em O, então não ocorre crase.
A faculdade a que me refiro precisa de professores.
O colégio a que me refiro precisa de professores.
A avenida em que moro é paralela Àque vai dar na praça.
O parque em que moro é paralelo AO que vai dar na praça.
Com isto testamos se o antecedente pede ou não o artigo feminino.
Obs.: o pronome relativo não pode ser substituído por outro semelhante.
7. Não confunda DEVIDO com DADO.
Conforme Houaiss, devido é:
1.    “  adjetivo e substantivo masculino – que ou o que é objeto de uma dívida ou de uma obrigação.  Exs.: recebeu-a com a d. consideração,  mandou pagar o d. “
2.    substantivo masculino – que ou o que é merecido, justo, o que cabe a cada indivíduo por direito ou dever.”
3.    (Houaiss, ver verbete)
Portanto devido pede a preposição, assim há crase em frases como :  “devido à bagunça dos vizinhos, não dormi” (devido AO barulho).
Já dado , significando “habituado ou propenso a.
 Exs.: d. ao estudo;  d. à bebida”, podemos ter sucesso ou não.  Neste caso, devido é um adjetivo que pede a preposição A.
Todavia, dado pode ser também o particípio de dar, significando algo que já foi exposto, revelado.
Ex.: dada a questão primordial, dado o problema (com base em tal questão já exposta) envolvendo tais fatos, chegamos à conclusão que não iremos negociar.

5.4 Casos em que crase é obrigatória
1.       Locuções prepositivas, adverbiais e conjuntivas (desde que, no último caos, tenham um substantivo feminino como núcleo).
À moda de, às vezes, à queima-roupa, , às escuras, à noite, à custa de, às pressas, à tarde, à medida que, à força.
2.       Em locuções adverbiais que indiquem hora determinada.
Às treze horas em ponto.
3.       Quando as expressões “rua”, “loja” estiverem subentendidas.
Vá à Casas Bahia, vá à (loja) Lojas Americanas, Dirija-se à Marquês de São Vicente, n º 155.
Nos dois primeiros exemplos, a questão é polêmica, mas se advogarmos que há o termo loja elidido, então os exemplos estão corretos.

5.5 Casos em que não ocorre crase
1.        Antes de palavra masculina ( o A é apenas preposição): Vieram a pé, vende-se a prazo; chegou a tempo.
2.       Antes de verbo (o a é apenas preposição): Ela começou a admirá-los; ela começou a passar mal.
3.       Antes de expressão de tratamento (o A é apenas preposição) : Agradeço a Vossa Senhoria  ; ofereceram rosas a você.
4.       Antes de pronomes demonstrativos esta ,essa. ( o A é apenas preposição): Não me refiro a esta solicitação; A essa menina não devo nada.
5.       Antes de pronomes pessoais ( o A é apenas preposição): Dirigiu-se a mim com respeito e a ela com gratidão.
6.       Antes de pronomes indefinidos ( o A é apenas preposição): ela diz isso a qualquer um; a entrada é vedada a toda pessoa estranha, a toda a Bahia ele deve dinheiro.
7.       Quando o A estiver no singular e a palavra seguinte estiver no plural (( o A é apenas preposição): refiro-me a pessoas curiosas, falei a mulheres sobre mulheres.
8.       Quando antes do A já existir uma preposição (o A é apenas artigo): os papéis estão sob a mesa; ela falou aquilo perante a coordenação.
Observação: Martins e Zilberknop observam que ATÉ A pode ser craseado por motivo de clareza, fugindo à regra acima.  Vejamos os exemplos:
A água inundou a rua até à casa de Maria.
A água inundou a rua até a casa de Maria.
No primeiro caso, significa que a água quase chegou à casa de Maria, no segundo, significa que a água inundou inclusive a casa de Maria.
Quando ATÉ significa “perto de”  “limite”,  ATé é uma preposição que admite uma outra preposição para auxiliá-la é o caso do primeiro exemplo.
Quando até significa “inclusive” , é um advérbio e o A é uma partícula de inclusão.
Veja, para confirmar, em Houaiss o verbete ATÉ:
“Preposição
1             expressa um limite posterior de tempo. Ex.: ficará a. maio
2             expressa um limite espacial, o término de uma distância ou de uma superfície Exs.: trace uma linha a. o canto.  venha a. aqui.”
Advérbio
3 também, inclusive, mesmo, ainda. Ex.: come a. carne crua .
4             no máximo. Ex.: ponha a. cinco folhas para ferver .
“a) como prep., é indiferentemente correto associá-la ou não a outra preposição (ir a. o parque ou ir a. ao parque; caminhar a. a igreja ou a. à igreja), embora, por vezes, se imponha tal escolha para evitar a ambiguidade: em frases do tipo estudei a. a quinta lição e percorremos até o campo, em que tanto se poderia entender ‘até mesmo a lição ou o campo’ ou ‘até o limite da lição ou do campo’; atualmente, as utilizações oscilam; b) como prep. us. com pron. pessoal oblíquo tônico (ela chegou a. mim e me abraçou); como adv. us. com pron. pessoal reto (a. eu paguei o imposto); c) como prep. o lugar dele é fixo, antes do nome ou sintagma nominal a que se refere; como adv., sua posição pode variar na frase: saiu numa escola de samba, a.” (Houaiss, ver verbete).

5.6 Exercício. Nas orações abaixo, coloque crase, se necessário.
                   1. Antes de ir ao teatro, a mãe sempre agradava a filha passando a mão nos cabelos.
2.                  As declarações do ministro não agradaram a bancada do governo.
3.                  Ela aspirou a fragrância do alecrim.
4.                  O menino aspirava a carreia de piloto.
5.                  O médico assistiu a moça doente.
6.                   Quando ela telefonou, estávamos assistindo a peça.
7.                  O Ministro da Educação atendeu a reinvindicação que constava no processo pelos docentes.
8.                  As recepcionistas atendiam as convidadas com carinho.
9.                  Garçom!  Quero a tulipa bem cheia.
10.               Queria-lhe mais que a própria vida!
11.               Custa muito as pessoas ficarem quietas.
12.               Esta portaria do governo implicará a reavaliação dos nossos gastos.
13.               O menino desobedeceu a mãe, mas a mãe obedeceu a lei.
14.               Prefiro a morte a vida de solteiro.
15.               Pisei a grama
16.               Pisei a ponta do pé dela.
17.               Abraçou-se com o pai, chorou; abraçou a irmã e foi embora.
18.               Ela lembrou as férias com saudade.
19.               Após presidir a sessão, o desembargador presidiu uma mesa  redonda.
20.                 Avisei  a turma que iria chegar tarde.
21.               Ensinei-o a dança do ventre.
22.                Agradeci a equipe a vitória.
23.               Comunicou a decisão a outro, mas não a mim.
24.               Comunicou a amiga a cerimônia de casamento.
25.               Pagamos a empresa a conta devida.
26.               Jesus perdoou a traição , perdoou a Madalena.
27.               Autorizou a professora a dispensar os alunos.
28.               Convidei-o a ficar no local
5.6 Exercício. Nas orações abaixo, coloque crase, se necessário. (Respostas)
 1.   Antes de ir ao teatro, a mãe sempre agradava a filha passando a mão nos cabelos.
No sentido de acarinhar pede OD.
2.                  As declarações do ministro não agradaram a bancada do governo.
Agradável pede A

3.                  Ela aspirou a fragrância do alecrim.
Respirar pede OD
4.                  O menino aspirava a carreia de piloto.
No sentido de pretender, pede A
5.                  O médico assistiu a moça doente.
Pede OD ou OI
6.                   Quando ela telefonou, estávamos assistindo a peça.
Ver pede A
7.                  O Ministro da educação atendeu a reinvidicação que constava no processo . pelos docentes.
Deferir pede OD, mas no sentido de dar atenção pede LHE.
8.                  As recepcionista atendiam as convidadas com carinho.
Atenção com pessoas pede OI ou OD.
9.                  Garçon!  Quero a tulipa bem cheia.
Desejar pede OD
10.               Queria-lhe mais que a própria vida!
Estimar pede A
11.               Custa muito as pessoas ficarem quietas.
Ser difícil pede A
12.               Esta portaria do governo implicará a reavaliação dos nossos gastos.
Trazer como consequência pede A, não pede Em
13.               O menino desobedeceu a mãe, mas a mãe obedeceu a lei.
Pede A
14.                Prefiro a morte a vida de solteiro.
À vida.  Incorreto: do que a vida…
15.                Pisei a grama
Pede  OD e não NA
16.               Pisei a ponta do pé dela.
Idem
17.                Abraçou-se com o pai, chorou; abraçou a irmã e foi embora.
Quando pronominal, pede COM,  Pede OD  ou  OI , crase facultativa.
18.               Ela lembrou as férias com saudade.
Correto ou DAS férias.
19.               Após presidir a sessão, o desembargador presidiu uma mesa  redonda.
Pede OD ou OI, crase facultativa.
20.                 Avisei  a turma que iria chegar tarde.
Pede OD OI.
21.               Ensinei-o a dança do ventre.
Correto, mas pode ser com LHE.
22.                Agradeci a equipe a vitória.
Agradecer a alguém alguma coisa.
23.               Comunicou a decisão a outro, mas não amim.
Pronome indefinido e pron. Pessoal não pedem artigo.
24.               Comunicou a amiga a cerimônia de casamento.
Comunicar algo a alguém.
25.               Pagamos a empresa a conta devida.
Pagamos alguma coisa a alguém.
26.               Jesus perdoou a traição , perdoou a Madalena.
Perdoar pede OD ou OI. Para pessoa e OD para coisa.
27.                Autorizou a professora a dispensar os alunos.
Autorizar alguém a fazer algo.
28.               Convidei-o a ficar no local
Convidar alguém a algo.